sexta-feira, 10 de outubro de 2025

A CHUVA PASSOU

 Certa tarde chuvosa, muito chuvosa, sai da escola e minha mãe estava me esperando na porta com um guarda-chuvas para mim.

Não gostei daquilo, fiquei com vergonha. Que horror!  Ser buscado pela mamãezinha na porta da escola?  Eu já tinha onze anos.  O que não iriam pensar. Ah  com medinho do menininho da mamãe se molhar. Bebezão. Amanhã vão me "zuar"... Que mico mãe! faz isso  não!

Não gostei e fui emburrado me escondendo embaixo do guarda-chuva.

Ela não disse e nem eu percebi , mas agora lembrando posso constatar a decepção. Ela    esperava flores e recebeu pedras.

Hoje eu nem consigo mensurar quanto carinho e amor estavam impregnados naquele ato. Ela cruzou a cidade na chuva. Pensava apenas em minha proteção.

 Normal né, coisas de menino/rapazinho/adolescente...barra idiota.  

Desculpa mãe, eu era um menino muito bobo e ingrato.

Perdi a oportunidade né de apreciar o momento e desfilar com orgulho da mãe amorosa e cuidadora.

Ah se numa tarde chuvosa a encontrasse aqui na porta com um guarda-chuva seria o homem mais feliz do mundo. Mas não, esses arcos nunca mais se abrirão sobre mim.

Passou, a chuva passou, quem aproveitou, aproveitou, quem não aproveitou babau... nunca mais.

Será que eu cresci?

terça-feira, 23 de setembro de 2025

CAROLI ESTÁ CERTO.

Certo dia lendo um poema do amigo Roberto Caroli tive um insight, ele me ensinou através dos seus versos a ver as coisas de forma diferente. Foi inspirador, prova de que a poesia é transformadora.

Não me lembro qual poema, nem mesmo qual o livro, pois tenho todos os livros escritos por ele, lembro-me apenas que dizia que não importava os dias nublados, mas sim o tempo que fazia por dentro da gente. Que o sol interior poderia existir apesar dos pesares. A frase carregada de poesia saída da imensa sensibilidade do poeta, levantou voo das páginas e pousou em mim florindo o chão árido das minhas incertezas. E então tudo clareou.

E eu que sempre me deixava levar por uma melancolia atroz em dias assim brumosos, ficava depressivo e indeciso, deixava a escuridão de dentro ser dominada pela de fora, sentia-me perdido pela fumaça e pela falta de clareza,  acordei para outra realidade. Não importa o tempo de fora, importa o tempo de dentro e sobre este podemos ter certo domínio.

Palavras têm  o poder de azular o céu.  

Valeu poeta, sua arte cumpriu o propósito de fazer a diferença nesse mundo brumoso e cheio de fumaças.

 


segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Me acompanhas

 Foste a primeira

Precussora dos encantos

Toque mágico do despertar

E de encantos

Fostes intermediária 

Entre risos e prantos

Marca,  pegada... 

Ainda aqui  dentro seus efluvios ecoam

Sua voz de ternura

Canta canta canta

Me acompanhas

E  me visitas em lembranças 

Tantas tantas tantas...

Es o destino, 

carta marcada   a sina? 

Quem sabe seras a última

Ao fechar das cortinas. 

Sei apenas  

Eterna sempre  serás. 


NEM PERCEBI

 Quando a tarde pendia para o fim e o sol dourava as folhas das plantas mamae griitava:

- Hora de ir embora. 

Deixar o terreiro, derrubar os castelos sacudir a poeira vermelha dos pés, voltar ao nosso mundo um pouco mais urbano.

Tristeza,  queria ficar por lá eternamente correr e brincando  e dar asas a muitos sonhos. 

Mas temos que partir às vezes. 

O continuo movimento do ir e vir. 

  Casa de vovó ficava guardada para outro dia. 

E continua guardada aqui agora, apenas para o dia das lembranças. Que hoje ressuscitam imagens apagadas como aquele sol de fim de tarde. 

Um dia ouvi aquele grito, deixei os castelos, sacudi a poeira, saí daquele terreiro, e não percebi que era a última vez. 

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

MANTA



Vejo luzes

A cidade dorme

Espectro colorido 

fantasma da madrugada

Uma janela acesa aqui, outra ali 

E o silêncio e o sereno dançam entre elas. 

O que tem por baixo das luzes?

Quais sensações?

Brisas furacões...

O que a cidade esconde?

Envolto  na manta da noite alta

Brilhando...

A parte escura também Brilha

Vidas silentes carregadores de coisas

Dormem ou se digladiam nesse silêncio

Cidade e madrugada

Tudo ou nada


***

Poema do projeto compondo por aí

Bom Despacho MG

22 08 2025  03h03min. 

sábado, 16 de agosto de 2025

PEDAÇO DE ETERNIDADE

 Minha mãe

Era o cuidado no prato

O carinho no ungueto

O afago a ninar

A esperança no vento

Soprando sem parar

Injeção de coragem.

Drágeas de bem  viver

Xarope de retidão

O que fazer,  o que nao fazer?

A  planta frágilsemeou

Regava. Floria. sorria 

vendo-a  lentamente forte crescer

Na inexorável sucessão dos dias. 

Maciez e  ternura 

Sussurro de canção

Embalo e balanço 

Onde ainda hoje

No berço das cenas  danço. 

Peito que acalenta a procura

Supremento e asas

Universo inteiiro cabendo

Naquela  casa

Olhos verdes de prados

mãos pequenas

Cabelo curto jeito forte

Foi a sorte 

Foi o prêmio do pequeno

Imensidao  verdade

Por ti rompi os limites do tempo

Moras no sempre

Meu pedaço de eternidade. 

Sempre serás. 


PAISAGENS DEMAIS

 Muita poeira no sapato

paisagens demais no olhar

Temor de  prosseguir

 Carência de parar

Lanças no peito

Arrego por perto

Labirinto  encontro

Entregando os pontos

Peito é deserto

A CHUVA PASSOU

 Certa tarde chuvosa, muito chuvosa, sai da escola e minha mãe estava me esperando na porta com um guarda-chuvas para mim. Não gostei daqu...