Um pouco antes do ano de 2018,
quando começou a surgir aquele estranho e nunca visto clima de ódio nas redes
sociais, aquele que surgiu do nada, (será mesmo?) que causou desavenças entre parentes no WhatsApp, e antigos amigos tornaram-se
inimigos... Foi um brigaiada de DÁ dó um trem doido, desgovernado, primos e
primas tias e tias. Xingos, rusgas e até pescoções. Que loucura foi aquilo! (um
clichê perfeito para aquele hospício: Seria cômico se não fosse trágico) Eu
senti que tudo havia mudado e nada mais poderia ser igual. Como se a natureza de
alguns houvesse se modificado, e a de outros escondida fosse revelada.
Certo dia parei para pensar sobre
isso. Era inédita aquela guerra, antes eu não via acontecer tais embates. Uma
divergência aqui outra ali, mas de modo geral havia mais respeito e tolerância.
Ninguém era tão afoito e intransigente. Mas então bombas de ódio surgiram-nas
frases maldosas, nas provocações, nas mirabolantes previsões de futuros
absurdos, na mentira institucionalizada,
na idiotice declarada. .
Certa vez comparei esse clima àquele
dos conflitos do oriente entre palestinos e judeus. Pois aqui como lá, um grupo
agride ao outro por nada. Tudo é motivo de provocação, tudo é afronta. A ideia de que se você é de um determinado
grupo e pensa diferente de mim você é meu inimigo. Então tenho que combater
você e provar que está errado. Não concordo contigo, logo, você é meu inimigo
declarado e eterno. Também vi claramente
a máxima atribuída a Maquiavel (há controvérsias) “os fins justificam os meios”,
em plena atividade e por causa de uma causa posso fazer tudo o que quiser,
atacar, criar inimizades agredir disseminar fake-News difamatórias e estrategicamente
distribuídas, com o objeto de bagunçar tudo e causar estragos.
As falsas notícias e as previsões
mirabolantes de um futuro aterrador (vão fechar, igreja, kit gay, o comunismo
vem, hahaha) eram as armas mais usadas. Tinham alguns inocentes ingênuos, que
as disseminavam de boa-fé, mas uma grande parte compartilhava consciente, como
estratégia bélica.
“Se existe uma causa, então tudo,
tudo posso fazer para defende-la, passar
por cima de tudo e de todos.”
Sempre houve divergências, mas
nunca o radicalismo, nunca a ideia de que alguém é meu inimigo porque pensa
diferente. É do mal por que não é do meu grupo, da minha religião ou do meu
time.
Certo dia pensei: daqui a pouco
vão jogar bombas, mesmo, de verdade, daquelas feitas com artefatos, bananas de dinamites,
fiozinhos coloridos, suspenses de fim de filme e até
com um reloginho Casio f91w.
Depois pensei melhor e meu lado
ponderado entrou em ação, besteira, coisa da minha cabeça, o brasileiro não é
disso. A ignorância a insanidade e o fanatismo
não chegarão a tanto.
Depois a coisa complicou, piraram
de vez. Ataques, quebra quebra depreciação
do patrimônio público, agressões, desordem.
Defecação pública sobre as câmeras dos celulares. Como é que pode? - Olha aqui, como sou ridículo estou
depredando estou destruindo. Vejam! Mas não conte a ninguém quem “fui.”
E eis que agora elas caem, kamikazes
de ódio e destruição. Os artefatos chegaram, tristemente evoluímos
para isso.
A barbárie declarada, o caos, os
extremos.
Lamentável que tenhamos chegado a
tanto. Quem será que lançou a semente de ódio que cresceu, criou raízes na
mente dos maus e dos ingênuos, ramificou-se em muitos galhos e agora desabrocha tal qual a rosa de Hiroshima?
Que seja arrancada bem lá na
raíz.
Lamentável.
Até quando?