Certa tarde chuvosa, muito chuvosa, sai da escola e minha mãe estava me esperando na porta com um guarda-chuvas para mim.
Não gostei daquilo, fiquei com vergonha. Que horror! Ser buscado pela mamãezinha na porta da escola?
Eu já tinha onze anos. O que não iriam pensar. Ah com medinho do menininho da mamãe se molhar. Bebezão.
Amanhã vão me "zuar"... Que mico mãe! faz isso não!
Não gostei e fui emburrado me escondendo embaixo do
guarda-chuva.
Ela não disse e nem eu percebi , mas agora lembrando posso
constatar a decepção. Ela esperava
flores e recebeu pedras.
Hoje eu nem consigo mensurar quanto carinho e amor estavam
impregnados naquele ato. Ela cruzou a cidade na chuva. Pensava apenas em minha
proteção.
Normal né, coisas de
menino/rapazinho/adolescente...barra idiota.
Desculpa mãe, eu era um menino muito bobo e ingrato.
Perdi a oportunidade né de apreciar o momento e desfilar com
orgulho da mãe amorosa e cuidadora.
Ah se numa tarde chuvosa a encontrasse aqui na porta com um
guarda-chuva seria o homem mais feliz do mundo. Mas não, esses arcos nunca mais
se abrirão sobre mim.
Passou, a chuva passou, quem aproveitou, aproveitou, quem
não aproveitou babau... nunca mais.
Será que eu cresci?
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